1o Livro de Poesia

4 e o 8

Imensidão
A imensidão do universo

Não se compara ao tamanho de um verso

Por mais que se repita
A idéia é infinita



O começo e a continuação.

Para existir tudo deve ter um começo
peço aos atuais, com apreço
não me ponham preços, tabelas coloquiais

Qualquer ponto já se suporta
desde que abra portas
de um plano a outro
realizando encontros no meio,
desajeitados trejeitos

Se equilibra, relaciona
os meios, de um lado a outro,
do começo e da partida,
que já é saída,
para o infinito.

Se disse pelo já dito, repito
que não há o indistinto sem suplemento
de tempo, grupo e sentimento.

Conjuntura de caminho pessoal, atemporal.

Independentes relações
pendentes emoções
Que chegam ao ponto final.










Buscando ser certeiro
O Bufão veste a meia
, ao contrário,
para efeito de mistério
Rebusca a barba
Ajeita o bigode
Gorro de lado e salta
Em meio ao OD da natureza
E se esconde com beleza
Para a princesa lhe procurar
Arranca a máscara
Sem efeito de comédia
Cede ao rosto sério
Do amor que lhe encontrara
Catando os caco do caos
Descamando as camadas
Entrega-se no qual
Enquanto o quando
*

Se vou sendo levado


Sou náufrago
O deserto céu de estrelas
Retrata minha derrota
em tentar preenche-la, totalmente.
Insistência na perfeição
Falho na inconsciente previsão, de deus
Ao soprar-me ao ouvido
Parte da verdade.
Audaz navegante, partido
Lágrimas para chorá-la
Cachoeira de momento, derradeiro,
no suspiro do imperfeito.
Nascer do sol no fundo verde do mar
Sou feito de cores
mas não aprendi a preencher
de colorido
O reflexo dos olhos
Invisível. *
Quando duas almas se encontram, na união eminente, o inevitável toca a gente, pessoas se trombam a minha frente e não me percebem. A trombeta soa, continuamente eu te encontro, você não é somente mais uma pessoa, fundir-me ao inevitável, determinismo incontrolável, que soa como um sempre.
Ela passa ao meu lado por entre tantos, nosso elo-multicolorido, diversos primas, difundidos, promete-nos um sorriso.

*
Na solidão da árvore se encontra
A fonte de antes
Dilacerada
Viúva de vida
Querida, amiga
Sentindo respinga
Mostrando a ferida
Busca tua cura com tua postura queimada
De apaixonado
Amortecendo seu impacto

*

É Lá


Eu sou um pássaro
e vivo livre
sei voar
Não quero me aprisionar
nas suas canções e limites

Eu sou um pássaro
e sei cantar
Não vou me basear
nos seus fatos e atos
que me trazem profunda tristeza
pra me encantar

Vivo livre no mundo
A liberdade que eu mais preso
É estar livre lá no fundo
Do seu coração 


                    *

 
Expressão:
Tentativa de preencher a ausência do vão
entre nossas presenças

*

A loucura é a mais bela forma de se viver pelas artes

O sanatório é minha casa
a razão do meu desafeto
briga boba, mas ela criou asas
e voou. Meio metro para frente
meio metro para cima,
tá ali, me observando
acho que vou voar atrás dela.
Ela está me esperando
Quando, eu vou me curar?
Que idiotice, a ciência é uma tolice!
Acham que podem te sanar
pois quem está louco
é aquele que não está alienado
e sim no hospício, calado.
Quem não pode fazer mal a sociedade
O que é a civilização?
Não somos todos.
Então como poderia fazer mal a mim mesmo?
De minha parte seria burrice
Ah! Entendi!
Aqueles que são burros não podem trabalhar
Ficam aqui
Comendo de graça
Ah ...
Vou ficar aqui
Sou burro
Comendo de graça.

Toda vida tem um valor estipulado

Título: Diário de um louco




*************


Todo homem tem uma meta
Trespassa o todo, ilumina
E some
Na ex-quina além da seta
*

No sonho da senhora.
O fluxo abre-me com uma porta, inesperada olhada por entre a fresta e o quê me resta? Nada? Não, o clarão e a tormenta, meu ser difuso acalentam.
As formas tortas se vão, para o fundo da perspectiva. O raio luminoso é ilusão? Ou não?
Atravesso a ponte, do outro lado um lago, o pico mais alto não é a montanha, é o pensamento. Só a força conseguirá libertar a explosão das presas enquanto a defesa, do libertado, será somente a presença e o quantificado de essência na ausência de desertificação
No lago bebo água, elemental de prata, manifestação rara, passa pelo vão entre o real e a realização.
Em poucos momentos de lucidez, em sonhos, os verdadeiros homens saboreavam as viagens, a vida real, serpenteando por outros mundos, o só, não confuso, etéreo, eterno, sozinho sem o discernimento, real, instinto luminal de folhas e bolhas flutuantes.
Com a música lúdica espero a alegria que outrora jazia, sinos ermos de harmonia, movimentos bruscos sem hora, como a aurora, que passa rápida, ávida pelo dia. Sigo em sintonia com a melodia, a senhora pode passear agora, neste campo inusitado de prosa e poesia.


*

Buraco


Vou descartando todo meu presente
No momento esquecimento
Para depois comprar tudo
E encher o jogo de cartas
Com imagens do meu mundo
*

Sonho ou Confusão


A vida é dura
Pra quem não se segura
Siga na costura da escritura sagrada da armadura
O rumo do ex-fio
Empty
vazio
sumiu
Agora a força se esconde de você
Não se sinta sozinho caminhe pelo trilho do meio por vc
Ouvindo os contos aprendendo com todos os encontros
Sabendo absorver de todas as formas naturais
Quem sabe o encontro com a tormenta será resultado da união
Do teu fluxo da explosão da idéia ou o animado do sonho ou da confusão

*

Procuro alguém que faça tradução
Dos manuscritos sagrados
tatuados em minhas mãos

Almejo algo que me tire da repetição
Como um cego vedado
Recebendo luz da escuridão


Um tiro esperado, recontou-se
E a força do giz pastel nas flores
Delineou o céu de cores

O véu da moça branca, nos trouxe
Inúmeras belezas, e, ao espanto da natureza
movimentar-se continuamente
A harmonia do inconsistente

*


Bateu na porta? Viu quem era?
Passou
Saiu pela ex-quina do seu quarteirão
A oportunidade
Veio com saudade até
Daquilo que sabe que tem para mostrar
Mas, mais se esqueceu de aparecer, que paratodos

*

Tratado de integração:

Não irei à intuição ou menos a vontade
mas muito bem
cada um é louco do jeito que lhe convém.
Basta achar um local para dispersar-se
e que faça-se arte, ou ciência.
Localizando as meias, parte
A diferença entre as mãos
ou os dois lados do cérebro
Verbo de ser e estar
been òu étre
em suas diversas manifestações,
na formação única que é o ser humano
encaixado semi-lapidado
no rochedo que é a civilização.
Não tenha medo
Encontre e obedeça aos demônios que tecem as teias da sua vida”
Domine-os e se deixe libertar
e mostre por que pertence a este lugar

*
Simples

Um conflito mostra para todas as partes as posições
E só assim, quando todos aceitarem as diferenças
Entre culturas, cores e crenças
Haverá paz entre as nações
*

Veja bem


São Paulo
Cidade movimento
pernas e mentes
fritando no cimento
sem sol
sem vento
cem luas
Nas avenidas
e ruas

Querem fazer vc brilhar
sentir q não só está
Se ligue a rede
sacie sua sede
E compre
É a mais valia
o q mais brilha


Faça o q queira
Ande pelado descalço
sem meia
no calor do asfalto
Íh! É quente! É sujo
sujo é você!
Então vista um terno
Se proteja
Não abra o vidro
e não veja
o humilde pedido
daquele que é excluído

Sim. Abra os olhos
e uma breja
e esqueça
por que
você
se aliena

Desunião


Desunião
é tudo que faz do Brasil uma nação
Vou chamar um mago
para construir um lugar
um lugar para mim e meus irmãos
onde todos possam comer
e passar bem
terem um final que não seja burocrático
Eu fico me perguntando
Porque neste chão
meu povo sente tanta tensão
Ao ver o próprio buraco
que está afundado
Ajudamos a cavá-lo
Eu avisei
Muito tempo atrás já desperdicei
Mas agora é tempo
Tempo para pensarmos numa solução
Que não termine com guerras
e pessoas no caixão
E nem tratados
Que só mostram dinheiro guardado
Que sempre na nossa cara é esfregado...

*

Iguais


Somos todos iguais
Somos uma mesma nação
A mãe África já nos ensinou
Porque todos irmãos
nos deixam morrer de fome?
Se você é meu vizinho
porquê então?
Tenho tantas perguntas
respostas não vão me ensinar
que você quer dinheiro
a ganância vai te dominar
Ódio entre os iguais
gera guerra e humilhação
Se eu não quero
porque brigar?
Temos todos o mesmo papel
de o outro ajudar
mas você quer dinheiro
e a ganância já te dominou
não quero mais chorar
de ver a criança, de pão podre
se alimentar
*

Partindo do pressuposto que não existe harmonia social.... Caras de pau valores de plástico.

Coitado do Lobo Mau correndo da shotgun da vovózinha bem louca de pó. Chapeuzinho vermelho foi dar uma voltinha, passar no shopping e comprar umas roupinhas. Capitalismo cara de pau. Alterando todas as formas de expressão ao consumismo sem perdão, se alimentando da falta de saúde, e saudade, de sua cristandade o papa.
*

O espaço é para viajar
Não para calcular
Queres quantificar o universo?
Então sinta o poder do meu verso
Infante siga seu cálculo
Insano e racional
Pois eu sigo com meu instinto animal
No final das “contas”
Veremos quem chegou
E no universo viajou

*

Imensidão

O espaço do universo
Não se compara ao tamanho de um verso
Por mais que se repita
A idéia é infinita

Escrever


Escrever é a ação mais nobre
e também mais elementar
Somente quando o sujeito escreve
ele prova para si mesmo que existe
pois olha para o papel e se pergunta
Quem escreveria algo assim tão idiota quanto eu?”


*


À um som perdido

Àqueles que não esperam nada do tudo

Não possuem o segundo
De imaginação ausente
O Frasco

Será um estúpido? Ponte de interrogação?

Querume Flambado

Siderados fótons al(i)ados

Recuperados com os estratos selvagens
da força da terra
Concentrados como os primatas carimbados nas faces encantadas
Tatuados os tipos primitivos do ato

Pergume Urubupungama









SONOROS

*

Parece que há um anseio a mais, pro homem que fala do amor
Parece que um beijo lhe satisfaz, pro homem que fala da dor
Que ao se pôr por entre palavras, não se acha em definições
Não tão consistente tanto disperso, passa a temer suas ações
Retrai-se no passo e encolhido perante o mundo
Tranca-se nos sonhos curtos, no fundo desprovido de sustentação
Pilar de escolha fora percorrido
No imprescindível da poesia
Já que é estar querendo logo mais de ser percorrer música

*
Eu tenho um coração quebrado
falo pouco dou poucas risadas
esqueci como é a gargalhada
me entrego em pequenas palavras
para aquelas que ouvem e falam à sinceridade
gostaria de ser reconhecido como o que sou
um pouco levado um pouco sem maldade
mas se queria ser perfeito então
já não há mais ares de inspiração
se queriamos nos transformar
para mim o ideal contudo é ser é estar
em permanente própria contradição
*

Não fujo do canto das sereias

Mas me faço rei nos seus domínios
Desato os nós com meus demônios
E com anjos; que serei eu

Num mergulho profundo no mundo dos sonhos

Trago-lhe uma pérola poeira
Num resto de um canto que lhe presenteia
E foge da razão das tuas maneiras

*

Se você tá de bobeira
Saia do meu lado
Que hoje eu não tô pra conversa mole não
Você pensa que tá na dianteira
Mas não sabe a frota brasileira
Que está em Marte
Que diferença faz em parte pra sinalização
Dite o rumo da sua visão
Conceito e arte ou ciência
Clame com veemência
Que eu tô correndo nas beiradas da contramão



Naturalidade

Andar na lama com o pé
Sentir a sensação do que sabe o que é
Descalço na rua pra jogar o futebol
Sentado no monte para ver o pôr do sol

Naturalidade
O que eu quero pra mim
Ver a vida simples como um sim

Sem um não
A vida corre simples assim

Naturalidade
O que eu quero pra mim
Ver a vida simples como um sim

Correndo pela rua vendo tudo passar
Dançando na chuva ou ao vento
Sendo uma criança, brincadeira de infância





Após a Garoa


Natureza calada manifesta
Contemplativa sutileza é essa
Que na pedra veludo musgo úmido
sento e ascendo observo sem pressa
no orvalho do alúvio pura festa
O sapo da lagoa observa
Fumo um cachimbo masco uma erva
Depois da garoa um evento único
Sempre após a baronesa passar
a árvore sopra violinoar
Dispersando o frio, o vento sinfonia
Presenciando toda orquestra que queria
Condensada harmonia e sua paz
no canto insaturado de todos animais
Alívio sereno vento tem alvo
Calma sobriedade reencontro a alma
*

No nunca perto do não


Meus demônios choram esta noite
Encoberto sol de nuvens
Entortei meu tracejado
depois da quina da curva que vem
Desnudo de verdades de outrem
Encontrei-me calado
e o meu elo alado
com tu, tudo, foi-te
Para que nunca mais me açoite
i.d. minhas entidades a gargalhar
das tempestades com o passar
começo, meio e fim
sinto-me então feliz
Livre, sim! De tu, tudo
Por entre gárgulas e querubins
Querendo o que sempre quis
encontrar um lugar pra mim
Como no nunca perto do não
Sou nau de sol sem rumo sem religião
diante do outro lado de qualquer espaço
flutuando por quaisquer tracejados
neste fim de mundo. Amargo.





Minha Vida

Não sou de festa, não sou de sol
Multidões me enlouquecem
Parecem formigas, estes seres humanos
Sem escolhas, sem intrigas
Estes ambulantes do prazer!
Sem sentido para quem? Sou ?
Tudo do nada, uma palavra
Com infinitas correspondências
Me acho bom, para continuar
Mas sei quem sou
Mesmas falhas, tristezas e agonias
Não poderia esquecer minhas fobias
e tampouco preconceitos
pois sou feito de erros
Em migalhas partículas
Não irei liberá-las à ninguém
São minhas.... entropia
Afundarei-me sem esquecer
Que posso ser bom, e com isso, realizar, anulá-la
Tudo o que há
Para voltar a estaca zero
Desse mapa sem pistas ou saídas
Um círculo vicioso? Virtuoso?
Minha vida